sexta-feira, 8 de abril de 2011

Em busca de um Brasil sem energia nuclear.

Na visão do jornalista Washington Novaes, especialista em meio ambiente, o país poderia economizar 10% do que gasta com energia se investisse em programas de melhoramento de linhas de transmissão.

Questões financeiras e econômicas também permeiam o debate que envolve as consequências do acidente nas usinas nucleares do Japão. O momento, indicado pelo jornalista Washington Novaes, é de unir esforços para uma reflexão, em que é preciso reavaliar decisões.
Em entrevista concedida por telefone à IHU On-Line, o especialista em jornalismo ambiental afirma que “não precisamos desse tipo de energia, porque temos outros vários formatos, como a eólica (…), a energia solar, das marés e as biomassas (etanol e outras).” Além da posição dos governantes, ele critica também a imprensa quando diz que “os jornais estão fazendo uma cobertura muito ampla do caso” e afirma que o problema é “quando a fase passa e os jornalistas não discutem como resolver questões importantes.”
Atuando mais de 50 anos no jornalismo, Washington Novaes é especialista em temas de meio ambiente e povos indígenas. Atualmente, é colunista dos jornais O Estado de S. Paulo e O Popular, consultor de jornalismo da TV Cultura, documentarista e produtor independente de televisão.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Como o senhor classifica a situação que o Japão vive hoje, após o terremoto e o tsunami?
Washington Novaes – A União Europeia já considera a situação apocalíptica. O nível mais grave de alerta já está soando, mas ainda não sabemos qual será o desfecho real, não sabemos o que pode ser feito. Para piorar a situação extremamente grave, a questão da energia nuclear corresponde para o Japão até 30 % da energia total do país. Essas usinas que estão em perigo foram desligadas por precaução e ninguém sabe prever os prejuízos ou o futuro de todo o problema. O governo já colocou milhões de dólares para reparar problemas imediatos, mas ainda é cedo para ter ideia. De qualquer forma, os prejuízos serão grandes.
IHU On-Line – Qual o impacto dessas mudanças ambientais para o resto do mundo?
Washington Novaes – Há muito tempo, os críticos em energia nuclear assinalam que ela é problemática, por várias razões. Qualquer incidente pode trazer danos altos, como ocorreu em Chernobyl. Em vários lugares onde são feitas auditorias foram encontradas falhas, inclusive no Japão. E primeiro lugar, é uma fonte de energia cara e muito perigosa. Depois, é raro encontrar um ambiente apropriado para guardar os resíduos radioativos. O Brasil, por exemplo, mantém esse lixo dentro das usinas de Angra I e II. No licenciamento de Angra III foi estabelecido como condição encontrar uma solução definitiva para esta questão. Isso não foi encontrado até agora. Até mesmo nos Estados Unidos não há solução para o problema. Eles têm 104 usinas em operação, mas várias ainda estão em construção. O governo americano inclusive começou a implantar um depósito final para estes resíduos, na região da Sierra Nevada. O espaço destinado é embaixo da montanha, a 300 metros de profundidade. Fui ao local, acompanhado por um diretor de energia e gravei um comentário. Especialistas em sismologia, geólogos e hidrólogos têm feito objeções sobre o projeto. Eles acreditam que tais depósitos não deveriam estar em regiões com possíveis abalos, como é o caso da Califórnia. Também não há comprovação sobre o que pode ocorrer com os recursos hídricos. Entretanto, o especialista disse que está tudo sendo analisado, inclusive que teriam feito uma simulação em caso de terremoto. Perguntei sobre um possível abalo mais forte. Ele deu como garantia Deus… Mesmo que esse depósito dê certo, como os Estados Unidos conseguirão transportar resíduos perigosos de 104 usinas?
IHU On-Line – É possível pensar no desenvolvimento de um país sem a energia nuclear?
Washington Novaes – O pesquisador James Lovelock , por exemplo, acredita que não dá tempo para encontrar outras soluções para o planeta, já que as mudanças climáticas são constantes. É preciso diminuir a emissão de poluentes que transformam o clima. Entretanto, ele fala que a energia nuclear poderia resolver rapidamente o problema. Então, um grande crítico como ele também passou a ser defensor da energia nuclear. No caso brasileiro, poderíamos perguntar se o país realmente precisa dessa energia. Na verdade, não precisamos, porque temos outros vários formatos, como a eólica, que está se impondo bastante, a energia solar, das marés e as biomassas (etanol e outras). O país não precisaria recorrer à energia nuclear. Além disso, um estudo da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, de 2006, sobre a matriz energética brasileira, afirmou que o país poderia viver tranquilamente com a metade da energia que vive hoje. Poderíamos economizar 30% em consumo, sem prejuízos. Além disso, o país poderia ganhar 10% com programas de melhoramento em linhas de transmissão e outros 10% com repotenciação de geradores antigos. Poderia fazer isso a custos bem menores do que é investido na construção de usinas. Entretanto, as autoridades brasileiras não comentam isso; preferem construir termelétricas altamente poluidoras.
IHU On-Line – O senhor acredita que, após o acidente com o Japão, o mundo vai passar a ver com outros olhos a instalação de usinas nucleares?
Washington Novaes – Neste momento há uma postura de muita cautela na área da Europa. A Alemanha mandou desativar algumas usinas e decidiu reexaminar alguns casos. A Áustria pediu à União Europeia nova avaliação de reatores e a Inglaterra também pensa em revisões de programas. Mas há países europeus com medidas alternativas de energia, como Portugal e Espanha, que usam bastante energia solar. Nos Estados Unidos há uma reação forte em relação aos planos do presidente de implantar dezenas de usinas. Suponho que o mundo inteiro faça uma reavaliação, mas é difícil prever o que ocorrerá, porque há forças econômicas muito importantes envolvidas, assim como grandes empresas produtoras de energia.


IHU On-Line – O tsunami no Japão e as possibilidades de um grande acidente nuclear podem ser considerados os acidentes ambientais mais graves dos últimos tempos?
Washington Novaes – Certamente são. O nível de radiação das usinas está chegando a patamares elevados. Ainda não há a informação se será possível reverter de alguma forma a situação. É possível que o número de pessoas atingidas seja menor que em Chernobyl, porque houve a evacuação rápida, o que pode ter reduzido o número de vítimas. Este é um bom momento para pensar a respeito do uso da energia verde. É preciso considerar que a equação é complicada, pois há muitas questões financeiras e econômicas envolvidas. Quem decidir não usar mais a energia nuclear precisa pensar em qual utilizará. Por quanto tempo? Quanto custará? São questões que precisam ser analisadas antes de qualquer decisão, e só o tempo ajudará a respondê-las.
IHU On-Line – Como o senhor avalia a cobertura jornalística atual em relação à catástrofe do Japão?
Washington Novaes – Os jornais estão fazendo uma cobertura muito ampla e isso faz parte do panorama da comunicação quando há atenção a momentos de catástrofes e crises. O problema é que, quando a fase passa, os jornalistas não discutem como resolver questões importantes. De modo geral, há certa confusão em relação às informações sobre o que aconteceu nos reatores. Há mais de uma versão, o que confunde. Em alguns jornais foi publicado que os reatores resistiram bem ao terremoto, mas o tsunami desligou os sistemas de reação. Em outros casos, dizem que houve problema no próprio sistema de refrigeração, que independeu do tsunami. São pontos que ainda não estão completamente claros. O Japão tem a preocupação de fazer anúncios oficiais que trazem explicações sobre o fato, o que ajuda um pouco no esclarecimento.
IHU On-Line – No Brasil, o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear considerou precipitadas as decisões dos países que decidiram frear os programas de energia nuclear. O senhor tem o mesmo posicionamento?
Washington Novaes – O ministério de Minas e Energia tem posição excessivamente suficiente e quase arrogante, achando que o país não tem problemas relacionados à energia nuclear. Na verdade, o Brasil precisa repensar, principalmente porque as usinas estão à beira mar. O governo parece não fazer questão de tomar conhecimento sobre as questões. Já li em jornais que essas usinas do Japão têm defesas 10 vezes mais fortes que as de Angra. Então, essa é outra razão que deveria levar o governo a tomar atitudes de mais prudência. Outra questão que não deve deixar de ser debatida é: o Brasil não precisa de energia nuclear e, mesmo assim, ainda tem planos de fazer 40 usinas? É uma atitude autossuficiente demais e, eu diria, até arrogante.
(Ecodebate, 06/04/2011) Entrevista realizada por Anelise Zanoni e publicado pela IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.
[IHU On-line é publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

Nenhum comentário:

Galeria de Fotos

Os Cavaleiros Templários - A Origem da Maçonaria

A Maçonaria

MAÇONARIA - TEMPLO DE SALOMÃO

Como tornar-se Maçom

Dan Brown fala sobre a maçonaria

Maçonaria: Ser Maçom

Video que mostra alguns dos grandes Maçons.

O Maçom Luiz Gonzaga - O Gonzagão

Breve história da Loja Cavaleiros do Oriente nº 4.

Stephen John Richard Allen (*)

Meus Ir.:,

A história é parte integral da vida. Sem a presença do passado não teria o presente, e sem o presente, nunca estaremos presentes no futuro.

A “Augusta e Respeitável Loja Simbólica Cavaleiros do Oriente” foi fundada em 24 de outubro de 1932. A loja era a primeira fundada sob a potência da Grande Loja de Pernambuco (apesar seu número ‘04’), sendo fundada apenas 18 dias após da fundação da Grande Loja.
Foram os seguintes IIr.: que elaborarem o estatuto da loja, registrado no dia 06 de junho de 1933, no 1º Cartório de Registro de Títulos e Documentos da Rua Diário de Pernambuco:

Venerável Mestre, Ir.: Zeferino Agra de Lima;
1º Vigilante, Ir.: Samuel Ponce de Leon (que em 1947 foi Venerável Mestre);
2º Vigilante, Ir.: João Capistrano Bezerra;
Orador, Ir.: Abdenago Rodrigues de Araújo;
Secetário, Ir.: Luiz Aurélio de Oliveira;
Tesoureiro, Ir.: Apolinário de Azevedo;
1º Diácono, Ir.: Moysés Cícero do Rego Gomes;
2º Diácono, Ir.: José Lacerda;
Chanceler, Ir.: Edmundo Osmundo Cavalcanti;
Mestre das Cerimônias Ir.: Orlando Feijó de Melo;
Hospitaleiro, Ir.: Joaquim Luiz Rabelo e
Cobridor, Ir.: Otávio Cavalcanti de Alberquerque.

Estes nomes são importantes para todos nós, pois sem estes homens livres e de bons costumes não apenas nossa existência como uma loja não teria sido possível, e é bastante provável que nosso ingresso na Maçonaria também não teria acontecido.

A loja sempre foi cosmopolita. Ela têm uma história expressiva de IIr.: que vieram de outros orientes, como IIr.: Samuel Ponce de Leon, Salvador Moscoso, Manoel Pereira Lopes e Manoel Francisco de Campos que eram do oriente do Portugal.Ir.: Alexandra Markus de Tchecoslováquia, Ir.: Ângelo Papaleo era Italiano,
e eu, Ir.: Stephen John Richard Allen natural de York, Inglaterra. Aliás, a loja, na maioria do tempo, foi composta por mais IIr.: não naturais de Pernambuco de que IIr.: pernambucanos, mostrando a grandiosidade da maçonaria. Podemos olhar em nosso quadro agora para ver IIr.: que são naturais de Espírito Santos, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Ceará, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e São Paulo.
Durante sua história, Cavaleiros do Oriente sempre teve laços estreitos com a grande loja, participando ativamente com seus obreiros e preenchendo cargos importantes. A loja tem a honra de ter em seu quadro obreiros, citamos apenas alguns, que tiveram cargos na Grande Loja de Pernambuco:

Grão Mestre:

1946/48 - Roberto Le Coq de Oliveira;
1954/61 - Salvador Pereira d'Araújo Moscoso;
1964 - Manoel de Lima Filho

Deputado do Grão Mestre:

1949 - 1958 - Oswaldo Andrade

Gr.: Rep.: da Gr.: Lo.: de Pe.: :

1949 - Manoel Pereira Lopes com o Gr.: Or.: de Amazonas
1958 - Oswaldo Andrade com a Gran Logia Occ.: de Columbia – Cali
João Capistrano Bezerra com a Gr.: Lo.: do Est.: de Paraná

A loja teve sete endereços durante a sua longa história. O primeiro endereço da loja foi na Rua do Dique, no bairro de São José, Recife, e passou pela Rua da Aurora, 277, até 1964, quando se mudou para Rua Augusta, 699 e, mais tarde Rua 24 de Maio também no bairro de São José. Um endereço encontrado nos documentos da loja foi Avenida Dantas Barreto, 1253, registrado em 1977.

No final de 1989 a loja foi transferida para o prédio sede da Grande Loja de Pernambuco, na Rua Imperial, 197 no Bairro de São José.

Em 1995 a loja Cavaleiros do Oriente conseguiu seu templo próprio na Rua Dr. Gustavo Pinto, no bairro de Jardim São Paulo.

O prédio da oficina foi construído em 1994 através de ajuda e colaboração de homens como Ir.: Eduardo Guerra que é reconhecido como peça fundamental para a realização da obra, por sua dedicação, carinho e vontade de realizar pelo bem da ordem, Ir.: Fernando Viveiros, Ir.: Eliomar de Almeida e o Ir.: presente ativo José Simão de Góis.

Por causa das enchentes durante os anos setenta, muitos documentos foram destruídos e que contavam a história da loja Cavaleiros do Oriente. A data exata que a loja recebeu o título de ‘benemérita’ é imprecisa, porém a primeira referência do título foi encontrada numa correspondência entre a loja Cavaleiros do Oriente e a Grande Loja de Pernambuco datada dia 12 de março de 1947. No mesmo documento o título Val.: também foi citado.

O título ‘Cinqüentenária’ foi concedido pela Grande Loja de Maçônica de Pernambuco em 2005.

A loja Cavaleiros do Oriente sempre foi ativa na realização de ações sociais, não na busca de reconhecimento como uma boa colaboradora (na maioria das vezes as ações nem foram divulgadas), porém, mais importante, era contribuir na busca de resultados positivos que aquela ação merecia.

Por isto muitas ações sociais da loja não se destacaram na imprensa, na Grande Loja nem foram comentadas entre IIr.: das demais lojas em nosso Or.:.

É claro, falo do trabalho importantíssimo das cunhadas da loja, sem as quais muitas destas ações não teriam sido realizadas.

As ações eram várias, muito mais do que podiam ser colocadas aqui, mas, permitam-me citar algumas; como distribuição emergencial de colchões e roupas após as enchentes que prejudicaram o nosso Or.: de Recife durante os anos 70; recuperação de cadeiras escolares que foram redistribuídas no setor escolar público; distribuição de fraldas descartáveis para creches para mães de baixa renda e fornecimento de medicamentos para o Hospital do Câncer em Recife.

O trabalho da loja Cavaleiros do Oriente é um constante, e após 75 anos de existência de uma loja vibrante, saudável e harmoniosa, esperamos que nossos futuros IIr.: possam celebrar e saudar a loja em seu centenário aniversário.

(*) Ir.: Stephen Allen é Mestre Instalado da Loja Cavaleiros do Oriente nº 4.