quarta-feira, 29 de junho de 2011

O CANCIONEIRO DO CICLO JUNINO


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O ciclo junino é um dos mais festejados do calendário folclórico pernambucano sendo, também, o de origem mais remota. Os festejos dedicados aos santos de junho são antecedidos pelos chamados noiteiros do mês maio, em honra da Virgem Maria, de origem historicamente recente, vez que as primeiras indulgências datam de 21 de março de 1815, conferidas que foram pelo Papa Pio VII.

Em Pernambuco o mês mariano veio a ser introduzido em 1850, no convento do Carmo do Recife, sob a inspiração do frei João da Assunção Moura e popularizou-se através dos frades capuchinhos do convento da Penha: “no exercício do mês mariano tudo é música, poesia e flores” (Pereira da Costa).

Das igrejas os cânticos e ladainhas em honra da Virgem passaram a ser entoados nos noiteiros das residências, costume ainda hoje mantido na zona rural e em alguns bairros do Recife e Olinda.
TUDO COMEÇA COM  SANTO ANTÔNIO
Terminado o mês de maio, tem início as Trezenas de Santo Antônio, logo no dia 1º de junho, mantendo assim esta secular devoção ao santo lisboeta introduzida em Pernambuco em 1550, quando foi erguida uma capela ao santo que deu origem, em Olinda, ao primeiro convento carmelita do Brasil: Convento de Santo Antônio do Carmo.
É Santo Antônio (Lisboa, 15.VIII.1195 - Pádua, 13.VI.1231) o orago mais popular do Brasil, onde possui 228 freguesias sob a sua invocação, vindo em segundo lugar São José com 71. Nas famílias, Antônio é o nome escolhido e rara é a cidade, vila ou povoado que não tenha uma, ou mais, ruas ou avenidas com o seu nome, igrejas sob sua devoção. Afirma Luís da Câmara Cascudo, no seu Dicionário do Folclore Brasileiro, que “apesar de tanta bajulação e mudanças corográficas, o Brasil possui 70 localidades com o nome de Santo Antônio”.
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Santo Antônio
Em Pernambuco, os franciscanos fundaram o seu primeiro convento em terras brasileiras em 13 de março de 1584, na então Vila de Olinda ficando a custódia sob a proteção de Santo Antônio. No Recife, a tradição do culto ao santo data de 1606, quando foi iniciada a construção do convento franciscano da então ilha de Antônio Vaz, hoje denominada de Santo Antônio, estando o templo localizado na atual Rua do Imperador Pedro II.
Em 19 de novembro de 1709, a antiga povoação do Arrecife dos Navios veio a ser denominada de Vila de Santo Antônio do Recife, apesar do empenho do então governador Sebastião de Castro Caldas em denominá-la de São Sebastião, o que lhe custou uma advertência do Rei de Portugal. Em 1918 foi o santo lisboeta confirmado como padroeiro principal da cidade do Recife pelo Papa Benedito XV, ao conceder o co-padroado a Nossa Senhora do Carmo que ficou sendo “a padroeira menos principal”. Como se não bastasse, é Santo Antônio o padroeiro dos pernambucanos, tendo sua imagem figurado nos estandartes dos exércitos luso-brasileiros quando da Insurreição Pernambucana eclodida em 13 de junho de 1645, dia de sua festa.

Durante treze noites, em residências das mais diversas, os seus devotos estão a cantar em coro:
Milagroso Antônio,
Nosso padroeiro.
Enche de alegria,
Pernambuco inteiro
SÃO JOÃO E SÃO PEDRO
Dentre as festas do ciclo junino, porém, é a de São João a mais festejada em Pernambuco.  É também a festa popular mais antiga do Brasil, já sendo registrada por Frei Vicente do Salvador em sua História do Brasil 1500-1627, assim referindo-se aos naturais da terra:…  “acudiam com muita boa vontade, porque são muito amigos de novidades, como no dia de São João Batista por causa das fogueiras e capelas”.

Trata-se de uma festa de grande misticismo, a partir do próprio nome Batista — o que batiza cheio de graça —, em cuja noite se praticava feitiçarias, como demonstra a denúncia de Madalena de Calvos contra Lianor Martins, a Salteadeira, acusada, dentre outras coisas, de trazer consigo uma semente enfeitiçada colhida na noite de São João, segundo depoimento prestado perante o inquisidor Heitor Furtado de Mendoça, em 22 de novembro de 1593, quando da primeira visitação do Santo Ofício a Pernambuco.
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São Pedro
As festas juninas foram trazidas para o Brasil pelos colonizadores portugueses, eles próprios ainda hoje cultores desta milenar tradição marcada pelas festas de Santo Antônio, em Lisboa e em Lagos; São João, no Porto e em Braga, e São Pedro, em Évora e Cascais. Na Europa as festas juninas coincidem com o início do verão, daí a presença da tradição de costumes pagãos dentro dos festejos, como adivinhações e o culto ao fogo.

No que diz respeito às fogueiras, ensina a tradição cristã divulgada pelos jesuítas, ter sido um compromisso de Santa Isabel, prima da Virgem Maria, de mandar erguer um enorme fogaréu no sentido de anunciar o nascimento de seu filho João Batista: “Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João. Veio ele como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por seu intermédio. Ele não era a luz, mas devia dar testemunho da luz”. (João 1,6-8).

No Brasil a festa acontece com o início do inverno, tempo de colheita do milho e do feijão no Nordeste, que sempre está a espera das boas invernadas de modo a afastar o espectro das estiagens e garantir a sua subsistência; como na polca de Zé Dantas e Luíz Gonzaga, Lascando o cano (RCA 80/307B-1954):
Vamo, vamo Joana
Findou-se o inferno
Houve um bom inverno
Há fartura no sertão…,
Ai! …Joana, traz pamonha, milho assado
Vou matá de bucho inchado
Quem num crê no meu Sertão.
Traz a riuna que eu vou lascar o cano
Pela safra desse ano
Em louvor a São João.

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Breve história da Loja Cavaleiros do Oriente nº 4.

Stephen John Richard Allen (*)

Meus Ir.:,

A história é parte integral da vida. Sem a presença do passado não teria o presente, e sem o presente, nunca estaremos presentes no futuro.

A “Augusta e Respeitável Loja Simbólica Cavaleiros do Oriente” foi fundada em 24 de outubro de 1932. A loja era a primeira fundada sob a potência da Grande Loja de Pernambuco (apesar seu número ‘04’), sendo fundada apenas 18 dias após da fundação da Grande Loja.
Foram os seguintes IIr.: que elaborarem o estatuto da loja, registrado no dia 06 de junho de 1933, no 1º Cartório de Registro de Títulos e Documentos da Rua Diário de Pernambuco:

Venerável Mestre, Ir.: Zeferino Agra de Lima;
1º Vigilante, Ir.: Samuel Ponce de Leon (que em 1947 foi Venerável Mestre);
2º Vigilante, Ir.: João Capistrano Bezerra;
Orador, Ir.: Abdenago Rodrigues de Araújo;
Secetário, Ir.: Luiz Aurélio de Oliveira;
Tesoureiro, Ir.: Apolinário de Azevedo;
1º Diácono, Ir.: Moysés Cícero do Rego Gomes;
2º Diácono, Ir.: José Lacerda;
Chanceler, Ir.: Edmundo Osmundo Cavalcanti;
Mestre das Cerimônias Ir.: Orlando Feijó de Melo;
Hospitaleiro, Ir.: Joaquim Luiz Rabelo e
Cobridor, Ir.: Otávio Cavalcanti de Alberquerque.

Estes nomes são importantes para todos nós, pois sem estes homens livres e de bons costumes não apenas nossa existência como uma loja não teria sido possível, e é bastante provável que nosso ingresso na Maçonaria também não teria acontecido.

A loja sempre foi cosmopolita. Ela têm uma história expressiva de IIr.: que vieram de outros orientes, como IIr.: Samuel Ponce de Leon, Salvador Moscoso, Manoel Pereira Lopes e Manoel Francisco de Campos que eram do oriente do Portugal.Ir.: Alexandra Markus de Tchecoslováquia, Ir.: Ângelo Papaleo era Italiano,
e eu, Ir.: Stephen John Richard Allen natural de York, Inglaterra. Aliás, a loja, na maioria do tempo, foi composta por mais IIr.: não naturais de Pernambuco de que IIr.: pernambucanos, mostrando a grandiosidade da maçonaria. Podemos olhar em nosso quadro agora para ver IIr.: que são naturais de Espírito Santos, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Ceará, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e São Paulo.
Durante sua história, Cavaleiros do Oriente sempre teve laços estreitos com a grande loja, participando ativamente com seus obreiros e preenchendo cargos importantes. A loja tem a honra de ter em seu quadro obreiros, citamos apenas alguns, que tiveram cargos na Grande Loja de Pernambuco:

Grão Mestre:

1946/48 - Roberto Le Coq de Oliveira;
1954/61 - Salvador Pereira d'Araújo Moscoso;
1964 - Manoel de Lima Filho

Deputado do Grão Mestre:

1949 - 1958 - Oswaldo Andrade

Gr.: Rep.: da Gr.: Lo.: de Pe.: :

1949 - Manoel Pereira Lopes com o Gr.: Or.: de Amazonas
1958 - Oswaldo Andrade com a Gran Logia Occ.: de Columbia – Cali
João Capistrano Bezerra com a Gr.: Lo.: do Est.: de Paraná

A loja teve sete endereços durante a sua longa história. O primeiro endereço da loja foi na Rua do Dique, no bairro de São José, Recife, e passou pela Rua da Aurora, 277, até 1964, quando se mudou para Rua Augusta, 699 e, mais tarde Rua 24 de Maio também no bairro de São José. Um endereço encontrado nos documentos da loja foi Avenida Dantas Barreto, 1253, registrado em 1977.

No final de 1989 a loja foi transferida para o prédio sede da Grande Loja de Pernambuco, na Rua Imperial, 197 no Bairro de São José.

Em 1995 a loja Cavaleiros do Oriente conseguiu seu templo próprio na Rua Dr. Gustavo Pinto, no bairro de Jardim São Paulo.

O prédio da oficina foi construído em 1994 através de ajuda e colaboração de homens como Ir.: Eduardo Guerra que é reconhecido como peça fundamental para a realização da obra, por sua dedicação, carinho e vontade de realizar pelo bem da ordem, Ir.: Fernando Viveiros, Ir.: Eliomar de Almeida e o Ir.: presente ativo José Simão de Góis.

Por causa das enchentes durante os anos setenta, muitos documentos foram destruídos e que contavam a história da loja Cavaleiros do Oriente. A data exata que a loja recebeu o título de ‘benemérita’ é imprecisa, porém a primeira referência do título foi encontrada numa correspondência entre a loja Cavaleiros do Oriente e a Grande Loja de Pernambuco datada dia 12 de março de 1947. No mesmo documento o título Val.: também foi citado.

O título ‘Cinqüentenária’ foi concedido pela Grande Loja de Maçônica de Pernambuco em 2005.

A loja Cavaleiros do Oriente sempre foi ativa na realização de ações sociais, não na busca de reconhecimento como uma boa colaboradora (na maioria das vezes as ações nem foram divulgadas), porém, mais importante, era contribuir na busca de resultados positivos que aquela ação merecia.

Por isto muitas ações sociais da loja não se destacaram na imprensa, na Grande Loja nem foram comentadas entre IIr.: das demais lojas em nosso Or.:.

É claro, falo do trabalho importantíssimo das cunhadas da loja, sem as quais muitas destas ações não teriam sido realizadas.

As ações eram várias, muito mais do que podiam ser colocadas aqui, mas, permitam-me citar algumas; como distribuição emergencial de colchões e roupas após as enchentes que prejudicaram o nosso Or.: de Recife durante os anos 70; recuperação de cadeiras escolares que foram redistribuídas no setor escolar público; distribuição de fraldas descartáveis para creches para mães de baixa renda e fornecimento de medicamentos para o Hospital do Câncer em Recife.

O trabalho da loja Cavaleiros do Oriente é um constante, e após 75 anos de existência de uma loja vibrante, saudável e harmoniosa, esperamos que nossos futuros IIr.: possam celebrar e saudar a loja em seu centenário aniversário.

(*) Ir.: Stephen Allen é Mestre Instalado da Loja Cavaleiros do Oriente nº 4.